Não estou aqui,
simplesmente não estou
sou uma carcaça ,abandonada
que a humanidade descartou
todos passam e não conseguem
me enxergar
a desgraça é minha vantagem
eu estou aqui, mas não estou
talvez do copo de vidro
agora sou apenas o caco que restou.
meu rosto pálido
meu andar discreto
meu mal hálito
meu estômago deserto
a verdade é que eu sou,
eu apenas e unicamente sou...
e vago n'quilo em que eu não pertenço.
minha presença
não incomoda
eu simplesmente ñ alimento a crença
de um dia ser "normal"
meu vestido tal como uma mortalha
meu rosto viu
eu já estou morta!Eu morri
e continuei viva?
Será que já vivi?
Nenhum homem me olha
nenhum deles o fará
não sou amável, simpática, risonha
sou apenas e vagamente eu,
e isso, apenas isso
o mundo e sua peçonha
não a de levar
eu os vejo, eles não
eu os desejo
eles nem me percebem
tenho malicia
tenho paixão
nessa minha vaga inocência
que chega a me dar nojo.
Eu sou eu
resto, desnecessária
sou a reclusão de um povo oprimido
eu sou o que sobrou
eu sobrevivo
do sonho de eu quero ter
eu sou uma mulher invisível
você em mi já esbarrou
mais parece impossível mi ver...
*feita em homenagem às milhares de mulheres invisíveis desse mundo, e dessa sociedade repugnante e exclusiva!
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